poniedziałek, 15 listopada 2010

tempo da narrativa e tempo da acção

A magia do romance é o poder cativante da ficção, da ilusão que parece ser mais verdadeira do real. No romance de Antunes atrae-nos a linguagem, a trama, mas também a narração que flui, o fluxo de consciência. Este truque narrativo tem várias características, esta de que eu gosto mais é a relaçáo entre o tempo da narrativa e o tempo de acção. O fluxo da consciência é mais agradável para o leitor, é um truque bastante novo, e preferido pelo escritor moderno, porque exige um trabalho menos detalhado. Os escritores realistas tinham de descrever o espaço da narrativa, tinham de ter cuidado com a cronologia e outros elementos do mundo ficcional. O fluxo da conciência permite uma aproximação mais desleixada, o narrador pode mudar de assunto, fazer uma digressão, pode perder o fio, saltar em tempo, não tem de se restringir a um espaço, o que lhe restringe é o tempo da narrativa, porque o tempo da acção pode abranger sua vida enteira. Como diz Manuel Aguiar e Silva «Ao contrário do tempo objectivo da deigese, o tempo do discurso narrativo é de difícil medição.(...)Poder-se-á fazer coincidir o tempo da narrativa com o tempo que é necessário dispender para a sua leitura? O tempo exigido pela leitura de um texto, porém, é igualmente um critério variável e aleatório» No romance de ALA podemos supor que o tempo da narrativa é um dia,também tendo em conta o critério um bocadinho matemático seria possível ler o livro de ALA em 24 horas. Mas o tempo de diegése é mais amplo, também como o espaço(Portugal, África)

2 komentarze:

  1. Ao dizeres "porque exige um trabalho menos detalhado" e "O fluxo da conciência permite uma aproximação mais desleixada" parece que diminuis este tipo de técnica narrativa, pois as palavras escolhidas apontam para aí.

    Parece-me que poderás estar a dizer que umas das virtudes desta forma de narrativa é possibilitar que o autor se liberte de todas as convenções e limitações de género. Será isto umas das característas do pós-modernismo? E achas que é no plano do discurso que podemos detectar essa diferença?

    Gostaria que explicasses melhor e que aprofundasses melhor, numa outra entrada, o tratamento do tempo em Os Cus de Judas

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  2. Acho que o discurso pós-moderno usa muito a linguagem cinematográfica tal como a análepse. Como diz Carlos Seia«O cinema e o romance pós-moderno em particular têm explorado muito esta técnica, por exemplo, nos argumentos e filmes de Quentin Tarrentino (Pulp Fiction, Reservoir Dogs) os nos romances mais recentes de Vergílio Ferreira e António Lobo Antunes, onde abundam os movimentos retrospectivos.» De novo vemos a referencia a profissão de ALA e ao processo de psicanálise. Tambem acho que o romance de ALA poderia ser facilmente passado para o cinema, apesar de poucos diálogos que existem o trama é muito denso, há muiutas cosias a acontcer quase simultaneamente. Surpreende-me que dos romances de ALA este ainda não foi passado para o cinema.

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