poniedziałek, 15 listopada 2010

Palavrão com a função literária

Muitas pessoas associam a literatura, a arte em geral com a qualidade do belo. A verdade é que a condição pós-moderna está muito longe dos ideais gregos do belo e bom. Esta viravolta pós-moderna está visivel também no romance antuniano.«No século XX, depois de um longo período pseudomoralista que termina em 1974, os escritores, na sua maioria, passam a utilizar todos
os registos de linguagem disponíveis. António Lobo Antunes tem sido um dos escritores
da actualidade que mais tem utilizado o calão.» (José Barbosa Machado, O léxico obsceno na prosa medieval portuguesa)Em Os Cus de Judas aparecem várias expressões da giria, vários palavrões. Este truque literário pode chocar, mas em vez de ficar ofendido é mehor reflectir qual é a função que esta expressão desempenha na obra. Com certeza não está na obra por acaso, tanto o autor como o protagonista são pessoas formadas, médicos, representantes da pequena burguesia, pessoasa que em maioria dos casos estão preocupadas com a opinião da sociedade, com a sua aparência. Mas como pode um médico usar tantos palavrões? Pode e deve, palavrão é uma das maneiras que nos servem para reduzir a tenção, aliviar as emoções. Na situação do perigo não é difícil encontrar as situações de estresse e a libertação da raiva, frustração ou otras emoções negativas via palavrão é a opção menos perigosa para todos.
Palavrão serve para fortalecer uma opinião ou como um protesto simples contra autoridade, contra ordem, conrta a hipocrisia. Acho que os palavrões no romance de ALA em maioria dos casos desempenham este papel. Junto aos palavrões aarecem cenas oscenas, feias, cruas e nojentas. A guerra não é bonita, como num quadro ou numa descrição.
«caralho, caralho, caralho»
«merda de país de merda»
«caralho de guerra, caralho de guerra»
A obcsenidade das descirções está muito visível porque em maioria dos casos aparece nas descrições do acto sexual, relacionado mais com o campo semántico positivo, bonito, ideal. ALA ao contrário mostra a faceta animalesca, crua e quase fisiológia da aproximação do homem e da mulher. È a querra que torna o homem assim, é a guerra que lhe faz chorar, que lhe diminui a humanidade.
«envergonhado do tamanho do meu pénis murcho que não crescia, reduzido a uma tripa engelhada entre os pêlos ruivos lá em baixo, a hospedeira pegou-lhe educadamente com dois dedos como num jantar de cerimónia não sei se com surpresa ou com desgosto»

2 komentarze:

  1. Alguns tópicos para repensar:
    - considero António Lobo Antunes mais como um representante da burguesia culta (classificação que deve levantar Flaubert da tumba) e não da pequena burguesia; a voz do narrador também, pelo número de referências culturais e artísticas, mostra-se culta e valoriza a arte e o pensamento, áreas normalmente repudiadas pelo pensamento pequeno burguês.

    - Dizes que "a obcsenidade [sic] das descirções [sic] está [sic] muito visível porque em [sic] maioria dos casos aparece nas descrições do acto sexual", no entanto, o exemplo que apresentas para ilustrar a tua afirmação não mostra nem um palavrão. Será mesmo verdade o que dizes?

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  2. Por razão por ti exprimida não queria recorrer-se ao conceito de pequena-burguesia, por isso usei a palavra burguesia

    2. Categoria social que compreende os que não exercem profissão manual e usufruem rendimentos ou vencimentos relativamente elevados. definição tirada do priberam.pt

    Podias sugerir alguma outra?

    Acho que a obscenidade não precisa tanto de palavrão e é ainda mais visível quando sugerida. A descrição cranal, sem palavrões pode ser mais obscena do que aquela que os tenha. Porque «obsceno- Contrário à decência ou ao pudo», e não cheio de palavrões. Claro usando a giria e os palavrões podemos colocar-nos cntra ao pudor, mas não é preciso faze-lo.
    Recorro me uma outra vez ao dicionário Priberam

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