niedziela, 19 grudnia 2010

Ana Luisa Amaral

Ana Luísa Amaral é professora de professora de Literatura e Cultura Inglesa e Americana na Faculdade de Letras da Universidade  do Porto. Através da sua obra sabemos que tem uma filha a quem dedica belíssimos poemas.(http://www.mulheres-ps20.ipp.pt/Ana_Luisa_Amaral.htm#Sobre a autora)
Na sua poesia aparecem várias referencias aos autores do cânone literário tanto clássico como moderno. Queria apresentar aqui um diálogo em que a poetisa entra com Fernando Pessoa.

AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
F.Pessoa

FINGIMENTOS POÉTICOS

"finge tão completamente"



Faz-me falta a tristeza para o verso:
falta feroz de amante,
ausência provocando dor maior.
Tristeza genuína, original, a
rebentar entranhas e navios
sem mar.
Tristeza redundando em mais
tristeza, desaguando em métrica
de cor.
Recorro-me a jornal, mas é
em vão. A livros russos (largos e sombrios).
Em provocado rio de depressão,
nem zepellin: balão a ervas rente.
Um arrastão sonhando-se navio.
Só se for o que diz o que deveras sente.
A sério: o Zepellin.
Mas coração:
combóio cuja corda se partiu.
A.L.Amaral
Podemos observar como a poetisa ironiza o poema de Pessoa, o eu lírico supostamente mulher tenta fingir para descrever a tristeza, mas é tudo em vão. A poesia que segundo Pessoa deveria entreter a razão não cumpre a sua função porque não se pode fingir, segundo A.L Amaral o sentimento humano. Não importa quantos livros vamos ler, com a leitura nunca conseguíramos viver e sentir a tristeza ou o amor. 


E muito interessante como estes poemas dialogam consigo, não só por causa da alusão e ironia, mas também por causa do genro dos autores. O que acham sobre isso? Acham que as mulheres realmente tem « alegre inconsciência»?

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