sobota, 23 października 2010

António Lobo Antunes- Os Cus de Judas

António Lobo Antunes (1942- )




[www.dquixote.pt]


António Lobo Antunes (ALA) autor do livro Os Cus de Judas. Este livro foi editado em 1979 e faz parte da trilogia (Memória de Elefante e, Conhecimento do Inferno ). O titulo refere-se ao sitio que fica muito longe, nos cus de Judas. Este sitio é a Angola dos tempos da guerra colonial. Sitio que fica longe não só do ponto de vista geográfico mas também na dimensão humana. A viagem que o protagonista/narrador do livro faz é a viagem multidimensional, ou seja é a viagem de infância para adolescência, de paz para a guerra, de inocência para os horrores da guerra. Já no primeiro capitulo do livro aparecem recordações da infância. Mas o jardim zoológico, destino comum dos passeios da pequena-burguesia lisboeta, em vez de trazer a memória lembranças felizes traz uma imagem triste. A descrição metafórica do jardim mostra o processo do envelhecimento e da perca da inocência. 
 
«Os plátanos entre as jaulas acinzentavam-se como os nossos cabelos, e afiguravam-se-me que, de certo modo, envelhecíamos juntos(...) uma menopausa vegetal em que os caroços de próstata e os nós dos troncos se aproximavam e confundiam irmanar-nos-ia na mesma melancolia sem ilusões» Os Cus de Judas


Neste pequeno fragmento podemos observar não só a tonalidade triste e melancólica da descrição do jardim, mas também uma das marcas estilísticas do autor. António Lobo Antunes é medico e a sua formação nota-se nas descrições que contêm muitos pormenores anatómicos ou do campo de palavras relacionadas com medicina. O livro trata da guerra em Angola em que autor participou entre 1971 e 1973. O protagonista/narrador do livro tem muitas características do ALA, como diz Célia A. N. Passoni


«Nos romances de carácter autobiográfico, Lobo Antunes parte de um revolver da consciência, procurando entremear passado remoto, passado recente e presente numa investigação cautelosa e minuciosa da memória(...)As experiências vividas constituem-se-lhe fragmentos, estilhaços recolhidos segundo a importância que lhes atribui a memória, daí a falta de linearidade, e o aparente caos em que se transforma sua narrativa. »


A falta da linearidade é relacionada com o estilo da narrativa, as recordações misturam-se com elementos tanto do passado como do presente ou do futuro. Baseando em suas experiências autor constrói uma narração parecida com o fluxo da consistência. Autor usa neste caso a ferramenta psicológica, contando o paciente/narrador tenta «exorcizar seu passado» tenta libertar-se dos seus problemas, neste caso dos horrores da guerra que destroem o ser humano.

1 komentarz:

  1. Uma boa reflexão inicial. Gostava no entanto de fazer alguns comentários.

    Começo por chamar a atenção para a passagem para o seguinte fragmento.

    "O livro trata da guerra em Angola em que autor participou entre 1971 e 1973. O protagonista/narrador do livro tem muitas características do ALA, como diz Célia A. N. Passoni"

    A passagem do que estás a dizer para este fragmento é súbita e não estabelece continuidade. Podes explicar-te melhor?

    No último parágrafo, fazes referência à mistura de elementos do passado, presente e futuro. Se a relação entre o presente e o passado são mais visíveis, como vês a presença do e a referência ao futuro na obra?

    E ainda uma última observação em relação à linguagem. A predominância de elementos do campo da medicina provêm da sua formação, mas gostaria que aprofundasses mais esta questão, porque o narrador para descrever o real recorre também a outras áreas semânticas. O que é que está em causa? Quais os seus objectivos para recorrer à área da Medicina e a outras?

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